O que é um trauma e como saber identificá-lo?
Há vários sinais indicadores de trauma emocional. A passagem por experiências trágicas, tais como a perda real de pessoas queridas ou a ameaça de perda ou o risco de morte, não significam necessariamente que a pessoa venha a desenvolver um trauma. Um bom indício da existência do trauma é a impressão de que a experiência passada insiste em permanecer no presente. Basta à pessoa lembrar-se do evento perturbador, mesmo que sem querer, para que uma emoção marcante, pensamentos negativos e/ou imagens nítidas se intensifiquem. O assunto reluta em virar passado. Além da experiência traumática, outros sintomas típicos de PSPT são:
- Re-experiência do trauma por meio de lembranças involuntárias, pesadelos ou reacções desproporcionais diante de pequenas coisas que façam lembrar o evento; choro fácil e sem motivo;
- Evitamento persistente de pensamentos, diálogos, sentimentos, locais, pessoas ou situações que façam lembrar o trauma; incapacidade para lembrar de detalhes importantes do evento; distanciamento emocional e social de pessoas subjectivamente significativas; desesperança;
- Dificuldade para adormecer ou manter-se adormecido, irritabilidade ou explosões de fúria, dificuldade de concentração, hiper-vigilância constante e prontidão contra alguma ameaça real ou imaginária; transtornos alimentares inexplicados; sobressaltos diante de estímulos neutros mínimos.
O que se está a passar no cérebro?
O que acontece com a memória em situação de trauma?
A memória traumática difere da memória comum. Ao ser questionado sobre a ementa do almoço de quinta-feira da semana passada, uma pessoa provavelmente responderia: “Não faço ideia!”. Neste caso, a memória dispersou-se no passado. A memória do trauma, contudo, guarda detalhes visuais, às vezes auditivos, às vezes físicos, às vezes emocionais, como se tivesse ocorrido há pouco tempo. O indivíduo pode lembrar-se dos sons ambientes, dos talheres, das bebidas, do sabor dos alimentos. A memória fica, portanto, registada e congelada no cérebro, principalmente no hemisfério direito, grande responsável por gerir as nossas emoções. Por outro lado, as ferramentas que nos permitem dar um novo significado à experiência e deixá-la finalmente no passado se encontram-se no hemisfério esquerdo, responsável pela nossa objectividade e racionalidade.